A linguagem é um instrumento social elaborado a partir de um conjunto de
signos devidamente estruturados para o propósito da comunicação Dentro desses signos temos o aspecto verbal e o não verbal.
A linguagem verbal é aquela utilizada na fala ou na escrita como meio de
comunicação Isso mesmo! O termo “ tem origem no latim verbale proveniente de verbu que quer dizer palavra.
A linguagem não verbal é aquela em que utilizamos imagens, figuras,
desenhos, dança, mímica, gestos, pintura, entre outros.
Além da possibilidade da comunicação, a expressão da linguagem pode
caracterizar um tipo de lógica do pensamento da criança, segundo Piaget (1973)
De acordo com o autor, existem, basicamente dois tipos de linguagem a
egocêntrica e a socializadora.
A linguagem egocêntrica não tem como objetivo a comunicação, visto que
não leva em consideração o ouvinte e não existe adaptação da mensagens às suas necessidades de informação ou a capacidade de recepção.
Na linguagem socializadora busca se a comunicação na tentativa de informar o ouvinte, persuadi-lo ou até mesmo, coagi-lo a realizar alguma ação.
Piaget(1973)estabelece três estádios no que se refere a linguagem:

Portanto, somente através da interação, quando os signos e significados
culturais vão sendo internalizados, é que se inicia uma relação entre linguagem e consciência ( MENDES, FARIA, 2005).
As crianças pequenas geralmente demonstram dificuldade em
compreender a comunicação por dois motivos:
as crianças não se adaptam ao papel do ouvinte e a comunicação não é clara e eficiente;
devido a fatores egocêntricos, não compreendem de maneira satisfatória
informações que são dadas adequadamente, mas dão a impressão de que
compreenderam essas informações.
Dessa forma, “as primeiras palavras emitidas pela criança não designam,
de imediato, conceitos ou objetos” ( DELVAL, 2002,p. 100).
Entre palavras e gestos e a possibilidade de imitação, a criança
desenvolverá o jogo simbólico e iniciará um processo de representação. Ex au au para representar o cachorro, mas também qualquer animal de quatro patas; papai para representar qualquer homem com barba.
A criança está generalizando características comuns e não conseguindo
ainda a categorização dos objetos.
A criança vai expressando por meio das combinações de palavras um conhecimento cada vez maior sobre o mundo que a cerca e, ao mesmo tempo em que progride o seu desenvolvimento psicológico geral, progride a
capacidade linguística, que se manifesta não somente na aprendizagem de um número cada vez maior de frases, mas principalmente na capacidade de produção de novas frases que nunca ouviu anteriormente ( DELVAL, 2002, p.101).
As crianças maiores, fazem uma associação imediata da sentença ou de um provérbio sem realizar uma ligação lógica entre os elementos e não necessitam de argumentação.
Veja esse exemplo retirado do livro de Piaget (1973) em que é solicitado que a criança faça a relação entre dois provérbios:
Quando o gato parte, os ratos dançam.
Certas pessoas agitam-se muito, mas não fazem nada.
“Quer dizer que certas pessoas se agitam muito, mas depois elas não fazem nada, estão muito cansadas. Há certas pessoas que se agitam. É como os gatos quando correm atrás das galinhas, dos pintinhos. Eles vão descansar na sombra e dormem. Há muitas pessoas que correm muito, que se agitam muito. Depois elas não aguentam mais, vão se deitar” (Kauf 8 8 anos).
Um provérbio é caracterizado por uma forma de representação abstrata,
em que a criança deve analisar a intenção que a frase sugere.
As crianças que demonstram características egocêntricas, não conseguem perceber a intencionalidade. Analisam o que é mais aparente na frase e fazem a associação dos provérbios, incorretamente, do ponto de vista do adulto. Mas
para a criança, a associação está perfeita.
Dicas para auxiliar no desenvolvimento da linguagem:
faça uma análise mais objetiva das frases.
trabalhe as frases, separadamente, analisando todas as relações que elas
indicam.
escute a criança, dê atenção ao que ela fala, responda ou comente de forma coerente aquilo que a criança disse.
reconheça o esforço da criança em compreender o que ouve.
integre a fala da criança na prática pedagógica, ressignificando-a.
estimule exercícios que envolvam atenção, memória e percepção
Referências
DELVAL, J. Da ação direta à ação imediata: a representação. In: __.
Crescer e Pensar : a construção do pensamento na escola . Porto Alegre: Artmed Editora, 2002.
LOPES, K. R.; MENDES, R. P. FARIA, L. B. Módulo II. Coleção PROINFANTIL , unidade Brasília: MEC. Secretaria de Educação Básica . Secretaria de Educação a Distância, 2005 . Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/me003237. pdf . Acesso
em: dez. 2019.
PIAGET, J. A linguagem e pensamento na criança Rio, Fundo de Cultura, 1973.
ZANCHETA, J. Linguagem e Língua: uma breve explicação. Disponível em:
https://acervodigital.unesp.br/bitstream/123456789/21/3/D05_Linguagem_e_Lingua.pdf . Acesso em: dez. 2019.