Muitas vezes, por terem vivenciado a educação conservadora e autoritária do passado, nós adultos (pais e professores) ficamos “com um pé atrás” quando se trata de impor regras e limites para as crianças, pois associamos essas questões ao autoritarismo e não querendo reproduzir as mesmas injustiças sofridas, deixamos as crianças fazer o que têm vontade.
A dicotomia autoritarismo-permissividade é uma das principais causas para que a falta de limites e de respeito se instale na sociedade.
Ao contrário do que se pensa, estabelecer regras e limites não são medidas autoritárias e são necessárias para o desenvolvimento da criança. As regras são fundamentais para um bom convívio familiar e social e quanto menor a criança, maior a necessidade de se receber regras, pois é nesse período que ela está aprendendo a conhecer o mundo e estabelecendo uma rotina que a auxiliará em seus futuros comportamentos.
Assim, devido a esta contraposição – autoritarismo-permissividade -, nós adultos (pais e professores), muitas vezes deixamos de cumprir um papel que é nosso – impor limites e regras.
Achar que a criança sozinha, no decorrer do seu crescimento, aprenderá a respeitar as regras sociais e as pessoas com as quais se relaciona é puro engano.
As consequências de um tipo de educação pautada apenas na vontade da criança, em que ela se sente injustiçada quando não é atendida, são constantemente divulgadas pela mídia. E nós, adultos, estamos cada vez mais chocados com as atrocidades realizadas por crianças e jovens que tem demonstrado através de seus atos uma completa inversão de valores.
Hoje, a permissividade poderia ser sinônimo de “modernidade”, pois tem-se a ideia equivocada de que pais “modernos” não dizem não aos filhos.
As crianças podem e devem ter a possibilidade de negociar algumas regras de convivência que levem em conta, é claro, o grupo em que vive e não as próprias particularidades ou uma determinada situação que lhe é conveniente. Mas, o importante mesmo, é aprender que existem regras e valores que são inegociáveis, dentre esses, podemos citar o respeito à vida….
Ao fazer tudo o que tem vontade, a criança não tem a possibilidade de aprender que algumas coisas e situações podem ser negociadas e outras não. Uma educação pautada na permissividade absoluta nega a criança este aprendizado e incentiva cada vez mais as atitudes individualizadas.
Referências
MACEDO, L. de. (Org). Cinco estudos de educação moral. São Paulo: Casa do Psicólogo, 1996.
VINHA, T. P.O educador e a moralidade infantil: uma visão construtivista. Campinas: Mercado de Letras, 2000.